quinta-feira, 22 de maio de 2014

Everton Costa colocará desfibrilador implantado e pode não voltar a jogar

Segundo o médico Gustavo Gouvêia, quadro de miocardite do atacante não apresenta melhora nos exames, e procedimento deve acontecer na próxima semana


Clovis Munhoz e Gustavo Gouvea - coletiva médicos vasco (Foto: Edgard de Sá)Clóvis Munhoz, do Vasco, e Gustavo Gouvêa fazem comunicado sobre Everton (Foto: Edgard de Sá)
O atacante Everton Costa, do Vasco, passou o último mês ansioso pelos resultados dos seus exames depois de ser diagnosticado com uma miocardite - inflamação no músculo cardiaco - diante de um quadro de arritmia cardíaca durante o jogo contra o Resende, em 16 de abril, em São Januário, e as noticias não são muito animadoras. Segundo o cardiologista Gustavo Gouvêa, contratado pelo Cruz-Maltino para acompanhar o caso de perto, não houve melhora na região do coração afetada. A indicação agora é pela colocação de um desfibrilador implantado, uma espécie de marca-passo capaz de dar choques para corrigir novas alterações nos batimentos cardíacos do jogador.
O procedimento para colocação deve acontecer na próxima semana e não há garantias de que o jogador possa voltar a jogar futebol profissionalmente. O dispositivo é pequeno e será implantado no tecido subcutâneo de Éverton logo abaixo da clávicula. Dois pequenos cabos entram pelas veias e conectam o aparelho ao coração. Ao lado do coordenador médico de São Januário, Clóvis Munhoz, Gouvêa disse que há atletas que utilizam o mesmo desfribilador implantado, sem comprometimento do desempenho, mas evitou falar na possibilidade de retorno.
- Ele tem uma chance, que não é pequena, de voltar a ter uma arritmia. Por isso está indicado o implante do desfibrilador implantado, uma espécie de marca-passo que tem a capacidade de reconhecer a arritmia e dar um choque se necessário. O procedimento vai ser realizado provavelmente na semana que vem. Ele esta muito confiante, muito tranquilo e aceitou o tratamento. Se ele vai poder jogar futebol com esse dispositivo, é uma controvérsia na literatura médica. Há 10 anos diziam que não. Mas nesses últimos 10 anos existem centenas de atletas com esse dispositivo, muitos jogadores de futebol. E o resultado dos trabalhos recentes é que é seguro um atleta jogar com esse dispositivo, desde que se entenda que ele tem um risco de arritmia, que pode precisar tomar um choque e ser desfibrilado. Se ele tiver esse entendimento, concordar com isso, é possível que isso aconteça. São vários fatores, o atleta querer, o clube liberar... isso não será decidido agora - resumiu o médico.
Durante a entrevista, Gustavo Gouvêa apresentou um estudo, o maior da literatura médica sobre o assunto, com a situação de 300 atletas - sendo 19 jogadores de futebol - que realizam atividades físicas com um desfribilador implantado. Não foi registrado nenhum caso de óbito, mas 10% dos pesquisados chegaram a sofrer uma nova arritimia e precisaram levar o choque do aparelho. O prazo para a recuperação do jogador continua o mesmo: seis meses desde evento inicial - 16 de outubro.
- O prazo segue o mesmo. Se ao final desses seis meses estiver tudo bem, vamos poder avaliá-lo para tomar uma decisão. Hoje ele está bem, assintomático, levando uma vida normal, sem esforço físico... Everton vai ser acompanhando mensalmente por nós. Até um eletrofisiologista, especialista no desfribilador implantado, vai nos ajudar - disse.
Entenda o caso
Há cerca de um mês, o susto. No dia 16 de abril, Everton Costa deixou São Januário de ambulância durante a partida válida pela primeira fase da Copa do Brasil. No hospital, os exames constataram uma arritmia cardíaca. Três dias depois, o departamento médico do Vasco e o cardiologista Gustavo Gouvea, contratado pelo clube para acompanhar o caso de perto, deram uma entrevista coletiva para explicar detalhes do ocorrido. Na ocasião, foi anunciado que seria preciso realizar novos exames dentro de um mês para descobrir se o jogador teria condições de seguir jogando profissionalmente. 
Everton Costa ficou seis dias internado. Depois que recebeu alta, ficou se recuperando em casa - onde teve os batimentos cardíacos monitorados por um aparelho - sem realizar esforço físico. Neste período, o elenco vascaíno chegou a gravar um vídeo de apoio ao atacante. Nas redes sociais, o clube lançou a campanha #forçaeverton. 
Contratado em janeiro, Everton pertence ao Coritiba e está emprestado ao Vasco até dezembro de 2014. Após o problema cardíaco, o empresário Jorge Machado avaliou a situação e acenou com a possibilidade de uma renovação sem custos para o clube carioca. Aos 28 anos, o atacante tem 10 jogos e um gol marcado - contra o Duque de Caxias - com a camisa vascaína.
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Rio de Janeiro

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